terça-feira, 19 de novembro de 2013

Dicionário de João Fernandes



Dicionário de João Fernandes: E no entanto, aparenta que este Dicionário do Demiurgo, começado por inspiração da insigne obra de A. Peirce, é ainda menos original que aparenta; este dicionarista, realizando uma pesquisa para trabalho de faculdade, deparou-se com outra obra, da autoria do luso-brasileiro Francisco Gomes de Amorim, postada num blog de contos aonde havia ido buscar uma tradução alternativa de A Rã Saltadora do Condado de Calaveras. 

Qual não foi minha surpresa ao me deparar com variadas entradas levando a partes um antepassado deste Dicionário, cada uma mais chistosa que a anterior. O nome ''de João Fernandes'' sugere que foi feito para uso dos Joões Fernandes da vida como material de referência, e não é de duvidar que teria muita utilidade nesse aspecto;


LEILÃO—Quem dá mais pela minha belleza?!(Uma mulher moça.)—Quem compra o meu voto?! (Um eleitor.)—Quem quer a minha honra?!(Um sujeito que deseja enriquecer depressa.)—Quem quer pretos, e brancos, e moeda falsa?!(Aspirante a barão.)—Quem compra empregos e honras?!(Pessoa influente.)—Quem quer enriquecer sem trabalhar?!(Um cauteleiro.)—Quem quer moralidade, progresso e economias?!(Aspirantes a ministros.)Nota.—O povo, não sabendo para que lado se ha de voltar, nem tendo dinheiro para taes mercadorias, grita por sua vez: Quem quer o diabo que os leve a todos?!-E o leilão continúa.

MACACO—O nosso parente mais chegado. Copiâmol-o em tudo, excepto em andarmos tambem com as mãos no chão. Será para lhe fazermos suppor que não somos da sua especie? Por sua parte, anda elle muitas vezes só com os pés, para nos mostrar que não lhe somos superiores, e que podia imitar-nos, se quizesse, mas que é quadrumano por commodidade. Seria de grande interesse para a sciencia nomear-se uma commissão academico-politica, para dar parecer sobre se convirá mais que nós ponhamos as mãos no chão, ou que os macacos levantem as suas.


SABER—A desgraça da humanidade. Quanto mais o individuo se afasta da sua esphera, maior numero de necessidades cria e mais difficuldades achará para satisfazel-as. 
ULTRAJE—«O senhor insulta-me?!»—«Insulto, sim, senhor.»—«Isso é serio?».—«Muito serio.»—«Logo vi. Commigo não se brinca. Passe muito bem.»—«Covarde!»—«Amalia! Fecha a porta depressa! Esse homem que vinha atrás de mim não está bom de cabeça.»—«Canalha!»—«Oh! patrão, olhe que elle cuspiu-lhe na cara!»—«Porcalhão! Fecha... e dá cá um lenço lavado.»—«O senhor não lhe quebra os queixos?!»—«Para elle querelar, ou quebrar-me tambem os meus?! Prefiro o almoço. Põe o fiambre na mesa.»




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